Chama-me Pelo Teu Nome: um verão, um amor e um alperce.

Em Itália, num verão qualquer na década de 80. Elio é um miúdo de 17 anos que divide a sua vida entre livros e música. Oliver é o assistente de verão do pai de Elio que chega a Itália para o ajudar com a sua pesquisa de arqueologia. Entre passeios de bicicleta pelas belas paisagens italianas, jogos de voleibol, mergulhos, alperces e músicas tocadas a guitarra ou piano, nasce uma inesperada paixão de verão. Paixão esta que tem tanto de inocente e juvenil como de erótica e intensa - um pouco como o filme, no fundo.
O romance é a história do filme mas a essência é o Elio. É este rapaz de 17 anos que olha para Oliver ao início com ciúme e admiração e que termina a olhar para ele com olhos apaixonados. É este rapaz que entra no filme com o rosto inocente da adolescência e sai dele com um amadurecimento avassalador. É este rapaz que vive um verão de descoberta da sexualidade e de auto-conhecimento [entre um namorico com uma rapariga e O seu amor de verão]. E é por isso que este filme é dele. Dele e do ator que o interpreta, Timothée Chalamet. A insegurança, a dúvida e as fragilidades dos 17 anos estão todas ali expostas no Elio, nos seus gestos, nas suas hesitações e na sua voz. Está tudo ali nos seus olhos de uma forma tão pura e verdadeira. Este romance transforma-se assim numa história de amor universal, deixando a questão da homossexualidade de lado por uns momentos, porque todos nós na nossa adolescência tivemos um pouco do Elio e isso é mesmo bonito de se ver espelhado no grande ecrã.
O "Chama-me Pelo Teu Nome", dirigido por Luca Guadagnino tem como base o romance - como o mesmo nome - de André Aciman e visualmente é uma autêntica ode aos Verões do sul de Europa numa paleta de cores com muitos azuis, muitos verdes, muitos amarelos e muitos laranjas avermelhados. Um filme bonito, de ritmo calmo e com um final que nos deixa arrebatados - bastou um discurso final do pai e um plano de Elio nos últimos segundos para que, garantidamente, nunca me vá esquecer deste filme. Não sei se vence o Óscar de melhor filme - já vi "Três Cartazes À Beira da Estrada" e acho-o um vencedor mais provável - mas espero que pelo menos o Timothée leve a estatueta de melhor ator. [Fica também a promessa de ler o livro, normalmente não me costuma acontecer mas este filme deu-me vontade de ler o livro original].

Porquê o alperce?
Bem, o alperce é um elemento simbólico que aparece várias vezes ao longo do filme. Começa com uma conversa entre Oliver e o pai de Elio onde se discute a origem etimológica da palavra "alperce". Ficamos a saber que o seu significado-raiz bem de "prematuro". Se fizermos um paralelismo com Elio e a fase de vida em que se encontra - um puro adolescente a dar os primeiros passos no mundo da sexualidade - faz todo o sentido. O alperce vai aparecendo mais vezes - nas árvores da casa de verão ou na mesa às refeições - e é até mesmo protagonista numa das cenas eróticas do filme.

[Sei que estive algum tempo afastada do blog e provavelmente muitos de vocês repararam que este esteve inactivo durante algum tempo. Estou numa fase em que não sei bem aquilo que quero fazer e aquilo com que mais me identifico pelo que o blog acabou por sofrer com isso - pensei inclusive em criar um espaço novo ou em remodelar por completo este mas não sei, não sei. Hoje apeteceu-me escrever e assim o fiz. No entanto, não prometo um regresso a 100%. Espero que tenham gostado na mesma desta publicação e desculpem qualquer coisa.]

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5 Comentários

  1. Não conheço fiquei bastante curiosa
    https://retromaggie.blogspot.pt

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  2. Obrigada Catarina pelas palavras, também concordo em relação às cores!
    Já vi o Call Me by Your Name e é um filme tão bonito, tão cheio de simbologias, com uma cinematografia tão bem estudada. Adorei, adorei.

    P.S. Senão sabes bem o que fazer com o blog, tira o tempo que precisares para reflectires e planeares que futuro lhe gostavas de dar. Vamos estar aqui à espera :)

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  3. Já ouvi falar muito bem deste filme e tenho alguma curiosidade em ver :)

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  4. Já ouvi falar muito bem desse filme e está na minha watchlist :).
    Como alguém que acabou de descobrir o teu blog, devo dizer que gosto muito da estética do mesmo, do conteúdo e da forma como escreves. Talvez o que tu precises não é de uma mudança, mas de uma pausa para te inspirares, ler outro blogs, arejares as ideias e teres saudades do teu blog. Por experiência pessoal, já me senti assim algumas vezes e as pausa foram uma lufada de ar fresco :).
    Entretanto, ganhaste uma nova seguidora :).
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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